sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Conto 04 - Me escutÁÁÁÁÁ… Me escutÁÁÁÁÁ… - Catarse Emocional

Início da noite e lá estava ela estática no meio da cozinha gritando. Me escutÁÁÁÁÁ… Me escutÁÁÁÁÁ … Me escutÁÁÁÁÁ … Me escutÁÁÁÁÁ … Me escutÁÁÁÁÁ … Me escutÁÁÁÁÁ … não sabe por quanto tempo gritou e nem de onde arrancou tantas forças para gritar tão alto. Suas últimas frases bradaram em voz alta: “O que você quer de mim?” “O que você quer fazer comigo?” “Vamos acabar com isso de uma vez.” Ele também gritava: “Não grita comigo, não sei o que serei capaz de fazer, pára de gritar comigo!” Ele sumiu pela casa falando coisas inescrutáveis. Ela o procura e o encontra dando tapas na própria cabeça e murmurando: “ela não muda e está me deixando doido e eu não sou doido.” Mais uma vez ela tenta conversar e como sempre foi impossível, a mente dele é agitada não permite um segundo de paz, harmonia e compreensão. Ao retornarem aos afazeres na cozinha, duas pessoas já estavam lá, ouviram os gritos da mulher e vieram oferecer ajuda. Uma pessoa ficou na cozinha com a mulher e a outra acompanhou o homem até a sala. Cada um falou ao seu ouvinte o que estava acontecendo. Ela mal conseguia falar, só pedia ajuda, estava acuada, com medo, desesperada. Depois de algum tempo a calma reinou e o apaziguador que estava na cozinha os convidou para conversar, tentar entender e apaziguar este conflito que dura quase 40 anos.  
ttps://amenteemaravilhosa.com.br/catarse-emocional-ajudar/
Sentaram ao redor da mesa da copa e durante a conversa o homem já foi afirmando que já cansou de pedir para a companheira mudar e ela permanece a mesma. A mulher falou que pra conseguirem conversar levou o companheiro numa pizzaria e procurou uma mesa isolada onde poucas coisas tirariam sua atenção ou foco da conversa. Falaram dos sentimentos, sonhos e como sempre acontece ele pouco falou e a pediu novamente para ela mudar. Ela imaginou que estavam selando novos sonhos, novos projetos de passeios e reformas na residência . Quase um mês se passou e os dias estão se repetindo como se fossem clonados. Acordamos, levantamos, meu café da manha é variado, o dele, é o de sempre. Meu almoço é variado, o dele é o de sempre. Meu lanche ´é variado, o dele é o de sempre. Meus planejamentos estão escritos e fixos onde eu possa ver, os dele estão vagando no espaço. Eu economizo para realizar o que quero, ele consegue gastar até minhas economias. Ele afirmou que não aguenta mais a pressão, que já nasceu assim agitado, que não consegue parar, conversar e pensar em fazer planos.  “E do que adianta planejar se não tem dinheiro para realizar?”
Essa resposta foi fundamental para que os apaziguadores intervissem. Eles fizeram uma lista com coisas bacanas que a mulher sempre planejou e propôs fazerem juntos. É provável que agora dê certo, porque ele só dá ouvidos e valor às ideias que vem de outras pessoas. Ele aceitou firmar compromisso com os apaziguadores e dos quais receberá suportes emocionais e técnicos.

Nesta catarse, duas mudanças aconteceram:
1º - Ela gritou e o eco do seu grito chegou até ao seu infinto!
2º - Ele aceitou fazer uma consulta médica e será acompanhado pelos apaziguadores.
Viva a sua catarse!


Conto 04 - Me escutÁÁÁÁÁ… Me escutÁÁÁÁÁ… - Catarse Emocional 
Por: Cleusa Rodrigues
Volta Redonda-RJ

28/01/2022



A catarse emocional é um processo no qual nossas emoções se mostram da forma mais pura, por isso, costuma fazer parte de situações onde o mal-estar é muito intenso. Justamente por ser uma expressão intensa da emoção, para muitas pessoas costuma ser perturbadora e, inclusive, podem vir a pensar que a catarse é perigosa.

Apesar de ser bastante escandaloso, um processo de catarse emocional nunca é perigoso, mas cumpre uma função
libertadora. Ele nos ajuda a conhecer e expressar o que sentimos, nos levando mais além da intelectualização das situações adversas que
estamos vivendo. Isto é, deixamos a repressão de lado, e realmente começamos a expressar toda a enxurrada emocional que guardávamos no interior.


terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Conto 03 - Cascos e redomas ao nosso redor

Quando você me falou que estava com síndrome do pânico, fiquei pensando nisso… Você está é com medo das pessoas não aprovarem o que tem feito. Pois, eu te digo que a cabeça da gente é um labirinto. A gente não tem quase nada e se desespera com as merdas que faz. Tenta imaginar perder tudo o que tem, prejudicar um monte de gente, se reestruturar emocional e financeiramente, e conseguir, dar a volta por cima de si mesmo tendo apenas a fé em Deus e no poder da mente! Entretanto, uma coisa despertou uma curiosidade em mim e me fascinou, aquele olhar. Se tiveram tantos outros olhares que nos reergueram porque me prender a este? Este é o olhar que supõe ser fascinante, encantador, perturbador, que nos reprime e sempre grita “Para, está indo longe demais isso não é pra você!” Dispara tiros nas nossas asas e até enxerga alguma semelhança entre nós e Madre Tereza de Calcutá rss… Este olhar julgador tem voz e ouvidos afiados e permanece em silêncio na espreita de um momento certo para dar seus (tapas) de luvas. Ele tem livre arbítrio para fazer o que quiser até se intrometer onde não é chamado. Com certeza ele desconhece sobre a Lei de Pareto: Foca só nos 20% que irão te render 80% de retorno real. Pensando melhor, ele criou a lei do Dispareto: Foca nos 20% que irão render 80% de disparos negativos “Então, não desgasta… quando perceberem o que realmente está fazendo, quando vierem te visitar irão se assustar, porque você só precisou do olhar celestial e de mais ninguém”. Cheguei a pensar que seria bem assim. Quanta ingenuidade a minha, é claro que um olhar sem piedade nunca desiste, está sempre vivo, conectado. “Oi! Percebo que você publica postagens esperando receber emoticons e aplausos. Se toca, só estou falando isso porque estou tentando te ajudar. A maneira como você ri, se veste demonstrando total felicidade, humilha as amigas”.


imagem da internet
Meu Deus! Em determinados momentos, os cascos e as redomas crescem simultaneamente ao nosso redor e nem percebemos. Repito: os cascos e as redomas crescem simultaneamente ao nosso redor e nem percebemos. Só de imaginar que uma das coisas que li ontem foi: “Peça a opinião de alguém sobre você.” Rsss… Coincidência ou destino, esse momento aconteceu estava lá escrito na palma da minha mão. Até me sinto mais aliviada. Vou ler e reler estas dicas e, porque não dizer, conselhos. Reorganizar minhas atitudes, meus comportamentos, rever meu figurino e procurar uma colônia de férias de formigas. Estes pequenos insetos são sociáveis vivem em plena comunidade, dependem e protegem uns aos outros. 
Conto 03 - Cascos redomas  ao nosso redor 
Por: Cleusa Rodrigues
Volta Redonda-RJ

04/01/2022

O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.

Madre Teresa de Calcutá

 

 

sábado, 1 de janeiro de 2022

Conto 02 - Intimação equivocada???

 O atendente observa a mulher entrar calmamente na delegacia, se aproximar do balcão, abrir a bolsa e retirar um papel timbrado escrito, intimação. Imediatamente o rapaz lhe deseja uma boa tarde e oferece ajuda. A mulher agradece e mostra a correspondência que encontrara na caixa dos correios logo que chegou do trabalho naquela tarde e dispara. “Olha as datas! O que falar delas? Veja você mesmo.” A correspondência está datada como se ainda fosse escrita depois de amanhã. A assinatura e data de despacho são de amanhã e já recebi a intimação hoje. Porque estou sendo intimada, numa cidade que nem moro nela? O atendente coçou a ponta da orelha, reconheceu a letra e foi chamar o Nonato que compareceu ao balcão de atendimento e foi logo explicando. Desculpe senhora. Ontem compareceram aqui na DP dois adolescentes prestando queixas de maus tratos a um idoso. Imediatamente enviamos uma viatura até a residência. Ao chegar no local indicado, encontramos o provável agredido sentado na varanda de casa sozinho degustando uma laranja. Ao ser arguido sobre suposta agressão, o mesmo, desmentiu alegando estar bem de saúde, lúcido e que os adolescentes eram netos dele e que haviam ido até à cidade tomar sorvetes e depois iriam à cidade vizinha fazer um pedido muito especial pra uma tia. A viatura deixou os jovens em casa e retornou à delegacia. Averiguamos que os adolescentes gastaram todo o dinheiro na sorveteria e sem condições de voltar para casa ficaram perambulando, se depararam com a DP e resolveram fazer uma queixa e faturar uma caroninha de volta pra casa. Peraltices de crianças.

imagem da internet
Já a intimação é outra história. Durante a conversa, eles falaram que realmente estavam com saudades da tia, ela e o avô não se entendiam muito bem. Os dois eram muito geniosos. Daí deixei rolar a intimação. Imaginei que pela confusão das datas a senhora conseguiria um tempo na agenda e compareceria imediatamente ao departamento. Por acaso a senhora precisa de uma carona numa viatura para cumprir esta equivocada intimação?

Conto 02 - Intimação equivocada???
Por: Cleusa Rodrigues
Volta Redonda-RJ
01/01/2022