Início da noite e lá estava ela estática no meio da cozinha gritando. Me escutÁÁÁÁÁ… Me escutÁÁÁÁÁ … Me escutÁÁÁÁÁ … Me escutÁÁÁÁÁ … Me escutÁÁÁÁÁ … Me escutÁÁÁÁÁ … não sabe por quanto
tempo gritou e nem de onde arrancou tantas forças para gritar tão alto. Suas
últimas frases bradaram em voz alta: “O que você quer de mim?” “O que você quer
fazer comigo?” “Vamos acabar com isso de uma vez.” Ele também gritava: “Não
grita comigo, não sei o que serei capaz de fazer, pára de gritar comigo!” Ele
sumiu pela casa falando coisas inescrutáveis. Ela o procura e o
encontra dando tapas na própria cabeça e murmurando: “ela não muda e está me
deixando doido e eu não sou doido.” Mais uma vez ela tenta conversar e como
sempre foi impossível, a mente dele é agitada não permite um segundo de paz,
harmonia e compreensão. Ao retornarem aos afazeres na cozinha, duas pessoas já
estavam lá, ouviram os gritos da mulher e vieram oferecer ajuda. Uma pessoa
ficou na cozinha com a mulher e a outra acompanhou o homem até a sala. Cada um
falou ao seu ouvinte o que estava acontecendo. Ela mal conseguia falar, só
pedia ajuda, estava acuada, com medo, desesperada. Depois de algum tempo a
calma reinou e o apaziguador que estava na cozinha os convidou para conversar,
tentar entender e apaziguar este conflito que dura quase 40 anos.
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Sentaram ao redor da mesa da copa e durante a conversa o homem já foi afirmando que já cansou de
pedir para a companheira mudar e ela permanece a mesma. A mulher falou que pra
conseguirem conversar levou o companheiro numa pizzaria
e procurou uma mesa isolada onde poucas coisas tirariam sua atenção ou foco da
conversa. Falaram dos sentimentos, sonhos e como sempre acontece ele pouco
falou e a pediu novamente para ela mudar. Ela imaginou que
estavam selando novos sonhos, novos projetos de passeios e reformas na residência . Quase um mês se passou e os dias estão
se repetindo como se fossem clonados. Acordamos, levantamos, meu café da manha
é variado, o dele, é o de sempre. Meu almoço é variado, o dele é o de sempre.
Meu lanche ´é variado, o dele é o de sempre. Meus planejamentos estão
escritos e fixos onde eu possa ver, os dele estão vagando no espaço. Eu
economizo para realizar o que quero, ele consegue gastar até minhas economias. Ele afirmou que não aguenta mais a pressão, que já nasceu assim agitado,
que não consegue parar, conversar e pensar em fazer planos. “E do que adianta planejar se não tem dinheiro para realizar?” Essa resposta foi fundamental para que os apaziguadores intervissem. Eles fizeram uma lista com coisas bacanas que a mulher sempre planejou e propôs fazerem juntos. É provável que agora dê certo, porque ele só dá ouvidos e valor às ideias que vem de outras pessoas. Ele aceitou firmar compromisso com os apaziguadores e dos quais receberá suportes emocionais e técnicos.Nesta catarse, duas mudanças aconteceram:
1º - Ela gritou e o eco do seu grito chegou até ao seu infinto!
2º - Ele aceitou fazer uma consulta médica e será acompanhado pelos apaziguadores.
Viva a sua catarse!
Conto 04 - Me escutÁÁÁÁÁ… Me escutÁÁÁÁÁ… - Catarse Emocional
Por: Cleusa Rodrigues
Volta Redonda-RJ
28/01/2022
A catarse emocional é um processo no qual nossas emoções se mostram da forma mais pura, por isso, costuma fazer parte de situações onde o mal-estar é muito intenso. Justamente por ser uma expressão intensa da emoção, para muitas pessoas costuma ser perturbadora e, inclusive, podem vir a pensar que a catarse é perigosa.
Apesar de ser bastante escandaloso, um processo de catarse emocional nunca é perigoso, mas cumpre uma função
libertadora. Ele nos ajuda a conhecer e expressar o que sentimos, nos levando mais além da intelectualização das situações adversas que
estamos vivendo. Isto é, deixamos a repressão de lado, e realmente começamos a expressar toda a enxurrada emocional que guardávamos no interior.
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